Élcio Miazaki

Nasceu em São Paulo, 1974. Vive e trabalha entre as cidades de São Paulo e Ribeirão Preto

Graduado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (2000), o artista dedica-se a projetos que 'reconstituem contextos' por meio de materiais de época, principalmente das décadas de 1970 e 1980, na qual o Brasil passou pela ditadura militar e posterior redemocratização. Esse período coincide com os anos de infância e parte da adolescência de Élcio. O artista aborda as Forças Armadas, não apenas quanto às questões políticas, mas naquelas que envolvem o arquétipo masculino, um tanto mal resolvido,podendo ser uma das causas das incongruências atuais. Parte de sua produção também demonstra a importância e dependência do ‘outro’ para que seus trabalhos passem a existir. Portanto, dão-se séries de pesquisas relacionadas aos manuais de treinamento, chegando a procedimentos de primeiros socorros. Desse material em específico, ao comparar as edições de determinadas épocas, constatou-se que um capítulo, o de socorros psicológicos, foi extinto à epoca da ditadura no Brasil, não retornando mesmo com a redemocratização. Pelas palavras de Shannon Botelho, curador: 'Esta parte, retirada do manual durante a ditadura civil-militar brasileira, é retomada por Élcio a fim de refletir sobre os aspectos que tangenciavam a vida cotidiana. Sendo assim, o uniforme, o capacete, os objetos, os desenhos, as frases e os demais trabalhos apresentados, procuram problematizar mais do que a desumanização da figura do militar, o apagamento de suas fragilidades enquanto seres humanos dotados de sentimentos, necessidades e desejos. Não se trata de mitificar a figura do soldado, como se ele fosse capaz ou incapaz de sentir e agir. Antes, paralelamente, procura-se abordar as formas de controle dos corpos contemporâneos e suas relações com o todo complexo circundante'. E, por Icaro Ferraz Vidal Júnior, também curador: 'Quando olhamos para a história das masculinidades, observamos uma série de tensões não resolvidas, desejos recalcados e afetos paradoxais que chegam à nossa época como sintomas do esgotamento de seus próprios parâmetros. Os objetos e vídeos de Élcio Miazaki investigam contextos culturais e institucionais privilegiados na construção das masculinidades hegemônicas. Através de uma atenção às interações corporais entre homens e aos objetos caros a estes espaços, o artista torna visíveis as pontas soltas do desejo que, não apenas escapam ocasionalmente, mas constituem o ambiente da caserna'.